30 de dezembro de 2010

Resoluções para 2011

A saber:
- escrever um livro (não importa o tamanho nem o conteúdo. Tenho q escrever);
- ... (eu cá sei.. Não posso ainda revelar);
- continuar a minha caminhada de cabeça erguida. sempre.
- fazer algo que honre a memória do meu pai;
- tentar tirar a banha da barriga antes do verão (uma resolução profunda, esta);
- ver/estar com a minha família mais vezes;

As restantes lembrar-me-ei ao longo do ano e hopefully as cumprirei (não é esse o objectivo das resoluções?!)

Final de 2011 cá estarei para fazer o balanço final.
Bom ano.

9 de dezembro de 2010

a vantagem de ter um blog

Estamos na iminência de entrar em 2011 e em Fevereiro farão 7 anos que mantenho este blog activo (apesar de não ter havido muita actividade nos últimos tempos).
No entanto, após os facebooks e as 1000 formas que agora existem para dizer ao mundo e aos "amigos" que vamos dormir e o que é que vamos jantar, chego à conclusão de que este blog é o meu trullyme. Nasceu, cresceu e estagnou comigo. Por isso não o vou abandonar (apesar de parecer que sim desde agosto...).
E agrada-me só ter 2 ou 3 pessoas a ler o trullyours. Eram 4 mas o meu pai já cá não está para ler.
Por isso agradeço às 3 pessoas que me lêem "assiduamente". Eu sei quem vocês são!

Posto isto, acho que sim, que vou voltar ao trully.
Mais que não seja para voltar a dizer disparates e coisas que parecem interessantes, porque essa vontade desapareceu à muito.

8 de agosto de 2010

pequeno desabafo

Já tinha escrito isto? Ainda não?
Então escrevo agora.
O cancro é a doença mais filha da $#*% que existe.
Revolta-me pensar no número de pessoas que já foram ceifadas.
E no que toca a mim, não eram apenas pessoas. Eram pedaços de mim mesma; ícones; role models; seres humanos exemplares.

Este fim-de-semana foi-se mais uma. Não era muito chegada a ele, mas bolas... Tinha 17 anos e era um amor de pessoa.
Mas tirando as palavras de alguém, a esta hora está ele a rir-se da dor que sentia e que agora lhe passa completamente ao lado.
E tudo isto me fez reviver o momento em que perdi o meu pai.
Eu sei que isto já parece trully depressed mas não quero saber. Tenho que o dizer:
Queria o meu pai de volta. Mas a realidade é que ele não vai voltar. A realidade é que ele se foi. E tenho que dizer isto a mim própria todos os dias. Ainda hoje...

[brevemente acabarei com este blog trullydepressed e voltarei ao trullyours.. até já ]

28 de julho de 2010

o prazo de validade

Há uns anos atrás, acompanhei os meus avós a uma consulta e nunca mais me esqueci do que o médico disse ao meu avô: "Todos nós temos um prazo de validade, não é verdade, Senhor Honório?"

É verdade. Custa-me admitir que sim, que é verdade que os velhos deixam de ser novos e acabam por sucumbir devido ao prazo de validade colocado cruamente no recipiente da sua vida.
O prazo da minha avó terminou ontem.
Frágil e pequena, não resistiu aos abanões físicos que a vida lhe pregou. E assim se foi, sem a minha despedida.
Hoje paro para pensar em tudo, em tudo o que vivi com ela e em tudo que agora se tornaram memórias.
...

Adeus *

20 de julho de 2010

Pós-parto

Será uma memória a reter até ao resto da minha vida:
as dores, a calma, a respiração, o apoio do mimo, a [minha] boa disposição e acima de tudo a vontade de ver a minha filha.
Muitos me perguntam como me aguentei sem epidural porque segundo muitas mulheres, as dores são insuportáveis e muito fortes. Encontrei a resposta uns dias depois do parto [11julho2010].
Durante esta gravidez, nada suplantou a dor que eu senti [e sinto] quando perdi o meu pai. Por essa razão, as dores de parto não me incomodaram. Tive que encontrar uma força interior que me permitisse ultrapassar o momento de forma calma e altruísta. E essa força deu-ma o meu pai, o avô da minha filha.

27 de abril de 2010

acho piada...

... às pessoas que gritam comigo descontroladamente por questões de trabalho com as quais eu não tenho responsabilidade nenhuma
... às pessoas que PENSAM que têm a faca e o queijo na mão
... quando sei PERFEITAMENTE quando vêm com falsos moralismos

Não só acho piada como também me divirto. Imenso.

23 de abril de 2010

E um mês passou.

E passaram muitas lágrimas.
Caídas por desespero, saudade, raiva, culpa, tristeza, auto-consolo e sobretudo pela falta, pela ausência e pelo silêncio que ouço nitidamente.
Nunca pensei que 2010 fosse assim... Por um lado com uma perda imensa, mas por outro com um prémio de uma nova vida que aí vem (the circle of life). 
E é essa nova vida com uma tela em branco por desenhar que eu me quero agarrar, sem nunca esquecer de que de certeza que vou pintar os fortes traços do meu pai nessa tela.
O luto (e a luta) continuam mas não da forma convencional... Sei muito bem o que ele me diria se me visse a chorar ou se me visse triste.
Será que eu poderia viver sem esta dor? Poderia, mas não era a mesma coisa. Não seria a realidade.


"Se prestarmos bastante atenção, sempre conseguiremos descobrir alguma compensação no sofrimento."
William P. Young. "A Cabana"

Sim. E um mês passou. Venham muitos mais.

15 de abril de 2010

diário para o/a bebé #1

  • Ganhei um cabaz da Páscoa cheio de coisas boas, mas que infelizmente NÃO posso comer (presunto, salpicão, linguiça,...). Quando deixar de amamentar vou-me empaturrar com estas coisas todas (but no hard feelings babe!)
  • Pedi-te mil desculpas por ter estado a chorar desalmadamente esta semana e tu respondeste-me com um pontapé onde eu estava a fazer festinhas. Não faz mal se não foi intencional, mas senti que me estavas mesmo a ouvir quando te disse que se conhecesses o meu pai (o teu avô) ias perceber o porquê daquela choradeira, naquele momento e naquele dia.
  • 26 semanas já passaram - com poucas fotos (eu sei que me vou arrepender depois, mas dadas tantas circunstâncias era um pouco impossível - vou tentar tirar mais) mas apesar de tudo, muito feliz interiormente. Imagino como serás... Terás as mesmas bochechas que eu quando era bebé?!

31 de março de 2010

o meu pai [26 de julho 1954 - 21 março 2010]

Por vezes as palavras confundem-se quando tento transmitir o que sinto.
Por isso o meu silêncio vai permanecer no amor e no conforto em saber que o meu pai descansa em paz, ainda que isso me custem as lágrimas e a revolta por já não poder partilhar tantas coisas com ele...
Como o neto/a que vai nascer no mês do aniversário dele, ou mesmo para lhe dizer que no dia do funeral a Dona Clarice (a vizinha) levantou-se e proclamou um discurso de me levar às lágrimas misturadas com riso ("mê vizinho querido.. obrigada por todas as vezes que me abristes a porta.. eras o mê vizinho do coração...") - sabendo que isso o iria fazer rir também.

Não desejo escrever palavras de despedida nem expressar o que sinto por ele, porque felizmente tive oportunidade de as dizer a ele. Mas nós, seres humanos somos assim... Gostaríamos de ter só mais um dia, só mais uma hora, só mais um minuto para estarmos com aqueles que amamos e que partiram.

Não me quero recordar do Mário fraco, com falta de oxigénio, com menos peso do que eu (dizia ele que isso era uma proeza) e vulnerável a tudo. Até porque para mim esse Mário nunca existiu. Para mim será sempre o barbudo de olhar meigo que balançava o pé sempre que ouvia boa música, que inventava alcunhas para os filhos (e agora para as netas), que gostava de boas conversas, boas risadas, boa comida e de estar rodeado de família e amigos. O Mário inteligente e doutorado que queria fazer um piercing na orelha e que depois de reformado gostaria de ter uma casa na praia em Moçambique.
O Mário que até ao final manteve a pose e que mesmo no último momento conseguiu partir com classe.
Esse é o Mário Alberto que faço questão de que os meus filhos tenham conhecimento e de que os amigos se lembrem.
É o meu pai.

28 de janeiro de 2010

jogos da minha infância #1
















ALLEY CAT
Um jogo que me distraia durante largos minutos quando tinha 7 anos.
Só de ver a imagem dá-me logo vontade de jogar!
Saltar os caixotes, trepar as roupas e tentar entrar numa das janelas para completar uma das tarefas; roubar o leite aos cães, capturar ratos do queijo enorme dentro da sala, capturar o passarinho da gaiola ou mergulhar no aquário e capturar os peixes. Se fosse bem sucedido, lá ia o gato para o nível de bónus para treprar por corações e evitar outros gatos para ter com a gatinha.
Adorava ver o ecrã a encher-se de corações!
Quero jogar!!...

18 de janeiro de 2010

#13 semanas

A minha fixação pelo Michael Jackson começou na barriga da minha mãe.
Ela não parava de o ouvir e eu até hoje nunca fiquei indiferente à sua voz serena e forte.

Ainda não sei que voz irei dar a conhecer exaustivamente ao meu bebé mas por enquanto terá que levar com a minha. E com a do MJ também... (ih ihhh!!)

Ainda não é suposto sentir nenhum movimento do feto mas posso afirmar que já o senti! É uma sensação nova, abaixo do umbigo e é como uns leves movimentos que fazem lembrar o bater das asas das borboletas (dizem...). Ou whatever.

Já tirei uma foto da barriga mas não a vou publicar aqui porque tou de cuecas e com uma camisola e seria um pouco rídiculo postá-la. E como perdi a minha máquina fotográfica durante o acampamento do ano passado, nunca mais tirei fotos. Mas um dia quem sabe.

No trabalho é sempre bom ser apaparicada por todos mas também vou recebendo bocas de anti-procriadores que só me fazem ter vontade de ter mais 4 ou 5 filhos.

Mas o bebé não tem que se preocupar porque já está ser muito amado e querido por quem realmente importa. E tenho a certeza que ele/a sente tudo isso.

Mas não choremos.
Vamos sim fazer limpezas em casa... Que tal, bebé?.... (ele/a diz q não... ehehe)

12 de janeiro de 2010

Antes que seja 2011...

Hoje reparei que já estava a dia 12 de Janeiro, quando parece que 2010 começou ontem.
E antes que dê por mim a postar só em Dezembro de 2011, resolvi não abandonar o trullyours de novo.
Afinal já são quase 6 anos de escrita e a palavra trullyours nunca deixou de fazer sentido, ainda mais agora que tenho um trullyzito dentro do meu ventre...

2010 é um número redondo, tal como todos os números redondos que sempre acompanharam:
1982 - nasci
1990 - entrei para a segunda classe em Corroios
2000 - Fiz 18 anos e entrei no ensino superior
2005 - Terminei o curso
2007 - Casei (não é um número muito redondo, mas não faz mal)
2010 - o trullyzito vai nascer

E pronto. É este o resumo da minha vida que alguém resumiu como sendo normal (e parafreseando o dito cujo: "as pessoas normais vivem, casam, trabalham, têm filhos e morrem", ao que me apeteceu responder: "e as pessoas anormais como tu fazem o quê?").

E pronto. Sou normal mas sou feliz.